
Onde mora o assombro, 2024
Onde mora o assombro é a obra apresentada por Fernando Moletta na exposição Indisciplinar.
Indisciplinar foi uma exposição coletiva para colocar em questão os limites transgredidos entre a arte e a arquitetura e apresenta trabalhos dos artistas Ana Hortides (RJ), Érica Storer (PR), Fernando Moletta (PR) e Marília Scarabello (SP) com curadoria de Thaylini Luz (PR).
Indisciplinar é uma ação de transgressão, ou ainda, é uma reação. A exposição é consequência (ou talvez persistência) de uma pesquisa inacabada sobre as relações de domesticidade e de alteridade lidas no processo de disciplinarização e transgressão das disciplinas de arte e arquitetura. É uma busca por indisciplinados, seres errantes, artistas-arquitetos e arquitetos-artistas que questionam e rompem com os limites da organização moderna do saber.
Onde mora o assombro parte do mito de Pandora, este trabalho investiga a dualidade entre dádiva e destruição, explorando as falhas e contradições do modernismo por meio de uma ressignificação de um dos icônicos “objetos específicos” de Donald Judd (EUA, 1928-1994). O projeto transporta a caixa minimalista de Judd, símbolo do formalismo minimalista, para o Paraná, Brasil, criando um deslocamento espacial e conceitual que reconfigura seu significado.
Também central à obra está a “hauntologia” de Jacques Derrida, que interpreta o presente como um tempo assombrado, marcado pela presença do passado e pela antecipação do futuro. Este conceito orienta a obra ao questionar o modernismo, compreendido como um período de certezas que deu origem a uma contemporaneidade nebulosa e desconjuntada, onde apatia, euforia, pós-verdade e tormento coexistem.
Ao abrir a caixa e, assim, regurgitar os distúrbios do modernismo no espaço expositivo, “Onde mora o assombro” desafia o público a enfrentar as ambiguidades do tempo contemporâneo. A nuvem, representada em uma impressão gigantesca dentro da caixa, complementa essas relações com sua natureza efêmera e polissêmica, tornando-se o signo central desse exercício crítico. O espectador é convidado a refletir sobre a enigmática relação entre
progresso, promessa, criação e colapso, navegando entre os limites do assombro e da revelação.
Where Haunting Dwells, 2024
Where Haunting Dwells is the work presented by Fernando Moletta in the exhibition Indisciplinar.
Indisciplinar was a group exhibition aimed at questioning the transgressed boundaries between art and architecture. It featured works by artists Ana Hortides (RJ), Érica Storer (PR), Fernando Moletta (PR), and Marília Scarabello (SP), curated by Thaylini Luz (PR).
Indisciplinar is an act of transgression—or rather, a reaction. The exhibition is the consequence (or perhaps the persistence) of an unfinished investigation into the relationships of domesticity and alterity, read through the processes of disciplining and transgressing the fields of art and architecture. It is a search for the undisciplined, for errant beings, for artist-architects and architect-artists who question and break with the boundaries of the modern organization of knowledge.
Where Haunting Dwells begins with the myth of Pandora. This work investigates the duality between gift and destruction, exploring the failures and contradictions of modernism through a re-signification of one of Donald Judd’s (USA, 1928–1994) iconic “specific objects.” The project transposes Judd’s minimalist box—an emblem of minimalist formalism—to Paraná, Brazil, creating a spatial and conceptual displacement that reconfigures its meaning.
Also central to the work is Jacques Derrida’s “hauntology,” which interprets the present as a haunted time, marked by the presence of the past and the anticipation of the future. This concept guides the work in its questioning of modernism, understood as a period of certainties that gave rise to a nebulous and disjointed contemporaneity—where apathy, euphoria, post-truth, and torment coexist.
By opening the box and thus regurgitating the disturbances of modernism into the exhibition space, Where Haunting Dwells challenges the audience to confront the ambiguities of contemporary time. The cloud—represented as a monumental print inside the box—complements these relations with its ephemeral and polysemic nature, becoming the central sign of this critical exercise. The viewer is invited to reflect on the enigmatic relationship between progress, promise, creation, and collapse, navigating the threshold between haunting and revelation.




Onde mora o assombro, 2024
Aço inoxidável, acrílico jateado e impressão sobre lona
120 x 170 x 100 cm
Where Haunting Dwells, 2024
Stainless steel, frosted acrylic, and print on canvas
120 x 170 x 100 cm